sexta-feira, 24 de abril de 2009

Pátria - Otimismo

Mais um dia comum: acordei, tomei um café, peguei minha cópia do Wall Street Journal e segui para a parada de ônibus. Ao ritmo de “Obladi Oblada” no bom chorinho canarinho, orquestrado pelo meu velho MP3 player caindo aos pedaços (sim, daqueles que um dia nos dava orgulho por acumular duzentas músicas), entro no ônibus. Ir para uma aula de economia lendo sobre economia é a coisa mais desmotivadora que uma pessoa pode encontrar. Por que não ler sobre o Flamengo, turismo em Santarém, boi-bumbá, fofocas do Twitter ou política brasileira? Porque não! Eu adoro me massacrar! E é assim pelo resto do dia, enquanto atualizo o web site das bolsas de valores de cinco em cinco minutos para me martirizar ainda mais.

Entretanto, enquanto acompanhava o cavaquinho como vocal mesmo sem saber a letra da música (vocês sabem quando estamos ouvindo música e passamos vergonha por estarmos cantando mais alto do que pensamos?), abro um artigo em verde e amarelo que me chama a atenção. Convenientemente durante a visita do presidente Lula a Washington, o Wall Street Journal estava publicando um “special advertising” sobre o Brasil. Um caderno maior que o de perdas diárias da Dow Jones comentava resumidamente sobre a economia brasileira. “O único membro do BRIC que não se encontra em nenhum conflito e que pode servir como um exemplo de democracia” era o que dizia. Nada além da verdade, a meu ver. Números e expectativas motivadoras que faziam arrepender-me de não ter saído de casa com a camisa do Brasil enfeitavam essa edição.

Nesse momento senti uma estranha energia patriótica aflorando em meu peito. Algo que eu sabia estar lá, mas que antes era apenas manifestada por meio de indignações e queixas. Depois de ler sobre as tendências alcoólatras e corruptas do nosso atual governante, ver o Brasil ser descrito daquela maneira aqui nos EUA foi uma emoção sem igual. E foi quando percebi que existem três tipos de brasileiros: aqueles que reclamam e não fazem nada, aqueles que reclamam e fazem os outros reclamarem e aqueles que reclamam e agem. Decidi, nesse dia, ingressar no terceiro grupo e, como primeiro passo, iniciei meu curso de Ciências Políticas.

Talvez isso que falte no brasileiro: uma faísca que desperte esse patriotismo. A ausência de verdadeiros heróis nacionais, seguida por uma sociedade descaradamente egoísta, talvez sejam umas das raízes desse problema. Há tempo para mudar. É necessário alguns estarem cientes de que muitos heróis são guiados na escuridão a fim de darem o primeiro passo para o bem coletivo. É urgente a demanda por intelectuais capazes de trabalhar eficientemente e de boa fé para o crescimento público. Estarei espalhando essa faísca. E será quando muitos me perguntarão: que orgulho o Brasil nos deu, além de cinco Copas do Mundo? Eu não sei, mas, caso eu não encontre um, trabalharei para criá-lo!

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