sexta-feira, 13 de março de 2009

Os limites da diplomacia

Cinqüenta dias se passaram desde a posse do Presidente Obama. O mundo se encontra em verdadeira lua-de-mel com o novo líder. Mesmo muitas vezes sem conseguir influenciar positivamente o fechamento da Dow Jones, os discursos de esperança de Obama parecem não ter perdido seu glamoroso estilo desde o fim das eleições.
Nesses agitados meses iniciais, o democrata mostrou que realmente não brincará em serviço. Conseguiu aprovar o seu pacote de estímulo à economia no congresso e já iniciou a rua revolução diplomática ao redor do mundo e, como resultado, vemos uma Rússia mais flexível e uma ANP sentindo-se mais amparada pelo ocidente. Paralelamente a esses fatos, a questão nuclear do Irã parece ter esquentado. Evidências mostram que o país islamita já pode ter adquirido armas nucleares, ao mesmo tempo em que seu presidente aumenta os entraves às inspeções a suas usinas. Nesse novo cenário mundial, com um novo EUA decidido a conversar e um Irã aparentemente aproveitando-se dessa situação, é certo questionarmos até onde vai o limite da diplomacia.
A história da diplomacia confundiu-se com a própria história do Estado. Na realidade, este possui a diplomacia como um dos seus elementos definidores. Desde a criação das Cidades-Estado, estudamos a diplomacia como uma maneira pela qual governos articulam decisões internacionais sobre comércio exterior, paz, guerra, etc. Dentre suas inúmeras representações através dos milênios de sua existência, a diplomacia é normalmente lembrada por episódios como a Liga do Peloponeso, Tratado de Tordesilhas, Congresso de Viena, Tratado de Versalhes, dentre outros.
Entretanto, a história nos dá a oportunidade de provar que, em muitas ocasiões, o diálogo não é uma solução efetiva e sua ineficiência pode levar a grandes catástrofes. Após a derrota de Napoleão, as deficiências do Tratado de Fontainebleau levaram o líder francês a retomar o poder no país franco e instaurar o Governo dos Cem Dias. Mais de cem anos depois, devido ao inescrupuloso Tratado de Versalhes, uma Alemanha nazista ressurgia das cinzas. A União Soviética contentou-se com uma paz concedida pelo Pacto Ribbentrop-Molotov enquanto França e Inglaterra calaram-se após Hitler tomar a Checoslováquia. Toda essa passividade por parte das grandes potências européias na tentativa de evitar um grande conflito na região levou à Segunda Guerra Mundial.
Voltando à atualidade, deparamos com um Irã com um programa nuclear publicamente pacífico, mas que ao mesmo tempo promete “varrer Israel do mapa”. A diplomacia sempre conquistará resultados bastante satisfatórios enquanto lidada entre dois lados racionais. É possível para os EUA convencer os Soviéticos a retirarem seus mísseis de Cuba, assim como são reais as chances de Israel e Jordânia entrarem em um acordo. Porém, quando falamos de Napoleão, Hitler e Ahmadinejad, estamos tratando de lunáticos. Hitler, assim como o presidente iraniano, armou a Alemanha até os dentes acobertando-se em programas com fins pacíficos. O resultado: seis milhões de judeus assassinados em campos de concentração. Quando uma situação envolve figuras desse tipo, uma guerra de prevenção possui muito mais eficácia que a diplomacia. As nações do mundo precisam se alertar para a urgência do problema e agir o mais rápido possível quanto a essa proliferação nuclear, a menos que queiram deixar Ahmadinejad bater o recorde de Hitler no Holocausto.