terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Reflexões Políticas

Perdão àqueles que acompanham o blog. Há dois meses estava com uma nota sobre a desastrosa política externa do Presidente Lula, em especial em relação à crise em Honduras, mas acabei perdendo muitos dados em meu computador. Entretanto, durante esse longo tempo sem escrever, tive a oportunidade de refletir sobre as minhas visões políticas tanto nos EUA quanto no Brasil.

Juro que tentei. Juro que tentei rever as minhas visões de direita e aproximar-me dos vermelhos brasileiros e azuis americanos, afinal, sou jovem e tenho que aflorar a minha revolta contra as injustiças sociais. Contudo, apesar de muito esforço, não consegui. Falhei na minha tentativa de aceitar que o Lula é “o cara” e que é possível fazer a economia americana voltar a crescer ao gastar-se bilhões em pacotes previsíveis e num sistema único de saúde para 300 milhões de pessoas. A febre Obama, como previa o meu coração republicano, está perdendo o fôlego. Infelizmete, ao contrário da fé que eu havia depositado, prevejo agora que o democrata entrará nas páginas da história como uma versão melhorada de Jimmy Carter.

Voltando às terras verde e amarelas, vemos entraves fortes ao neoliberalismo. O governo não apenas mantêm políticas que massacrarão a economia ao longo prazo, mas também demonizou palavras que agora, na linguagem popular, sao tabus. Entre essas palavras estão “privatização” e “corte de gastos públicos” (os quais afetariam no corte no número de funcionários públicos) encabeçando a lista. Uma pena, já que esses são sinônimos de desenvolvimento nas economias maduras e ascendentes.

Porém, pena maior é saber que mesmo a combinação Serra-Aécio pode não vir a resolver os nossos problemas, afinal, FHC, mesmo com todos os seus grandes méritos, pecou ao ser o presidente que mais aumentou tributações em relação ao seu antecessor. Aguardo o nosso ”Ronaldo” Reagan brasileiro…

sábado, 2 de maio de 2009

Assimetria de Infornação

É comum, em dias de crise, perguntarmo-nos se nossas ações passadas foram corretas. Dúvidas quanto ao curso que fizemos na faculdade, à cidade que decidimos morar, à pessoa com quem nos casamos, ao carro que escolhemos ou ao apartamento em que vivemos vêm à tona. Entretanto, assuntos pessoais a parte, o nosso sistema financeiro é o que mais nos aflige atualmente.

O que deixou de ser raridade encontrarmos em revistas e web sites contemporâneos são artigos criticando e questionando ferrenhamente o atual sistema capitalista neoliberal. “Milton Friedman era um mentiroso”, li uma vez. Contudo, é claro que essa afirmação foi feita por alguém que não conhece as bases do trabalho de Friedman, no caso um colunista de uma conceituada revista semanal brasileira. O pai do neoliberalismo deixou claro, até o seu falecimento em 2006, que uma das principais armas contra a eficiência do sistema era a “Assimetria de Informação”. Esse assunto é pobremente estudado e recebe uma atenção desproporcional ao seu papel na economia. Essa teoria responde muitas perguntas que possamos ter hoje como o porquê dessa crise ter pegado a todos de surpresa ou o porquê de bancos com grande valor moral e profissional estarem quebrando.

“Assimetria de Informação”, no sentido mais óbvio dessa expressão, é um dos tabus do capitalismo neoliberal em que informações que influenciam o mercado não estão distribuídas igualmente entre os participantes do mesmo. Através desse conceito, podemos estender as perguntas acima. A nova dúvida é se existiam pessoas que detinham conhecimento dessa crise antes dela ser notória ao público; e a resposta é “sim”. Muitos agentes do mercado estavam cientes da ineficiência que enfrentávamos muito antes desses resultados catastróficos começarem a surgir. Corrupção, desvio de dinheiro e bônus milionários a CEO’s de empresas camufladamente falidas são alguns exemplos de erros do sistema que ocorrem tanto no setor público quanto no privado.

Muitas grandes empresas, talvez apoiadas pelo governo, não expuseram ao público investidor o caos interno que elas enfrentavam, motivadas, muito provavelmente, pela ganância de poucos. Um evento que aconteceu no meio do ano passado serve como exemplo pessoal. Em meu primeiro mês como universitário nos EUA, precisei abrir uma conta no banco. Seduzido pelo status de “maior banco do sudeste dos EUA” do Wachovia, decidi iniciar um negócio com o mesmo, contudo, menos de dois meses depois já me encontrava arrependido: o grupo estava quebrado e acabou sendo vendido. Esse foi um caso claro de assimetria de informação em que eu, o investidor, não tive acesso aos problemas administrativos e financeiros com os quais o Wachovia estava lidando. Obviamente, se eu detivesse conhecimento dessas falhas antes, teria aberto assinado um contrato com outro banco.

Portanto, percebemos que o buraco só está tão fundo por que investimos cegamente por muito tempo. O mais lamentável, entretanto, é vermos que muito se falta para acabarmos com essa falha. Observamos o presidente Obama, por exemplo, mandar grandes quantias de dinheiro para assistir o setor automobilístico americano mesmo sem esse levantar um relatório sobre para onde o dinheiro está indo, enquanto, no Brasil, o presidente Lula tenta levantar o nosso otimismo sem apresentar números concretos. Sem confiança na palavra pública, as pessoas não fornecerão seu dinheiro ao mercado tão cedo.

Deveria ser papel principal do governo, este como responsável pela saúde econômica, de minimizar a assimetria de informação. Através disso seremos capazes de atuar em um mercado em que todos os agentes estão trabalhando em prol do beneficio mútuo maior, levando em conta que todos possuem informações completas sobre todos os outros agentes. Resumidamente, caso a informação seja distribuída de maneira justa, pessoas somente investirão em empresas que se mostrarem dignas de confiança e empresas trabalharão arduamente para receber este honrável status. E esse é o único caso em que o governo deve intervir na economia: fiscalizar todas as empresas de modo que cada uma esteja sendo honesta em seus desempenhos.

A demanda por esse amparo aos valores morais do capitalismo é imediata. O sistema que nos permitiu acumular tanta riqueza que agora nos dá ao luxo de sentirmos a crise em muito menores proporções do que quando sentimos em 1929. É necessária, contudo, a ação firme do Estado. Obama, como grande adepto keynesiano, deve tomar as medidas morais necessárias para que nunca mais precisemos enfrentar uma crise como esta. A ganância e vontade de prosperar devem sempre andar ao lado de valores como respeito e honestidade de modo que o capitalismo seja desfrutado da maneira mais saudável e eficiente possível. Espero que, em um futuro muito próximo, não precisemos classificar o nosso sistema atual como “capitalismo utópico”.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Pátria - Otimismo

Mais um dia comum: acordei, tomei um café, peguei minha cópia do Wall Street Journal e segui para a parada de ônibus. Ao ritmo de “Obladi Oblada” no bom chorinho canarinho, orquestrado pelo meu velho MP3 player caindo aos pedaços (sim, daqueles que um dia nos dava orgulho por acumular duzentas músicas), entro no ônibus. Ir para uma aula de economia lendo sobre economia é a coisa mais desmotivadora que uma pessoa pode encontrar. Por que não ler sobre o Flamengo, turismo em Santarém, boi-bumbá, fofocas do Twitter ou política brasileira? Porque não! Eu adoro me massacrar! E é assim pelo resto do dia, enquanto atualizo o web site das bolsas de valores de cinco em cinco minutos para me martirizar ainda mais.

Entretanto, enquanto acompanhava o cavaquinho como vocal mesmo sem saber a letra da música (vocês sabem quando estamos ouvindo música e passamos vergonha por estarmos cantando mais alto do que pensamos?), abro um artigo em verde e amarelo que me chama a atenção. Convenientemente durante a visita do presidente Lula a Washington, o Wall Street Journal estava publicando um “special advertising” sobre o Brasil. Um caderno maior que o de perdas diárias da Dow Jones comentava resumidamente sobre a economia brasileira. “O único membro do BRIC que não se encontra em nenhum conflito e que pode servir como um exemplo de democracia” era o que dizia. Nada além da verdade, a meu ver. Números e expectativas motivadoras que faziam arrepender-me de não ter saído de casa com a camisa do Brasil enfeitavam essa edição.

Nesse momento senti uma estranha energia patriótica aflorando em meu peito. Algo que eu sabia estar lá, mas que antes era apenas manifestada por meio de indignações e queixas. Depois de ler sobre as tendências alcoólatras e corruptas do nosso atual governante, ver o Brasil ser descrito daquela maneira aqui nos EUA foi uma emoção sem igual. E foi quando percebi que existem três tipos de brasileiros: aqueles que reclamam e não fazem nada, aqueles que reclamam e fazem os outros reclamarem e aqueles que reclamam e agem. Decidi, nesse dia, ingressar no terceiro grupo e, como primeiro passo, iniciei meu curso de Ciências Políticas.

Talvez isso que falte no brasileiro: uma faísca que desperte esse patriotismo. A ausência de verdadeiros heróis nacionais, seguida por uma sociedade descaradamente egoísta, talvez sejam umas das raízes desse problema. Há tempo para mudar. É necessário alguns estarem cientes de que muitos heróis são guiados na escuridão a fim de darem o primeiro passo para o bem coletivo. É urgente a demanda por intelectuais capazes de trabalhar eficientemente e de boa fé para o crescimento público. Estarei espalhando essa faísca. E será quando muitos me perguntarão: que orgulho o Brasil nos deu, além de cinco Copas do Mundo? Eu não sei, mas, caso eu não encontre um, trabalharei para criá-lo!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Os limites da diplomacia

Cinqüenta dias se passaram desde a posse do Presidente Obama. O mundo se encontra em verdadeira lua-de-mel com o novo líder. Mesmo muitas vezes sem conseguir influenciar positivamente o fechamento da Dow Jones, os discursos de esperança de Obama parecem não ter perdido seu glamoroso estilo desde o fim das eleições.
Nesses agitados meses iniciais, o democrata mostrou que realmente não brincará em serviço. Conseguiu aprovar o seu pacote de estímulo à economia no congresso e já iniciou a rua revolução diplomática ao redor do mundo e, como resultado, vemos uma Rússia mais flexível e uma ANP sentindo-se mais amparada pelo ocidente. Paralelamente a esses fatos, a questão nuclear do Irã parece ter esquentado. Evidências mostram que o país islamita já pode ter adquirido armas nucleares, ao mesmo tempo em que seu presidente aumenta os entraves às inspeções a suas usinas. Nesse novo cenário mundial, com um novo EUA decidido a conversar e um Irã aparentemente aproveitando-se dessa situação, é certo questionarmos até onde vai o limite da diplomacia.
A história da diplomacia confundiu-se com a própria história do Estado. Na realidade, este possui a diplomacia como um dos seus elementos definidores. Desde a criação das Cidades-Estado, estudamos a diplomacia como uma maneira pela qual governos articulam decisões internacionais sobre comércio exterior, paz, guerra, etc. Dentre suas inúmeras representações através dos milênios de sua existência, a diplomacia é normalmente lembrada por episódios como a Liga do Peloponeso, Tratado de Tordesilhas, Congresso de Viena, Tratado de Versalhes, dentre outros.
Entretanto, a história nos dá a oportunidade de provar que, em muitas ocasiões, o diálogo não é uma solução efetiva e sua ineficiência pode levar a grandes catástrofes. Após a derrota de Napoleão, as deficiências do Tratado de Fontainebleau levaram o líder francês a retomar o poder no país franco e instaurar o Governo dos Cem Dias. Mais de cem anos depois, devido ao inescrupuloso Tratado de Versalhes, uma Alemanha nazista ressurgia das cinzas. A União Soviética contentou-se com uma paz concedida pelo Pacto Ribbentrop-Molotov enquanto França e Inglaterra calaram-se após Hitler tomar a Checoslováquia. Toda essa passividade por parte das grandes potências européias na tentativa de evitar um grande conflito na região levou à Segunda Guerra Mundial.
Voltando à atualidade, deparamos com um Irã com um programa nuclear publicamente pacífico, mas que ao mesmo tempo promete “varrer Israel do mapa”. A diplomacia sempre conquistará resultados bastante satisfatórios enquanto lidada entre dois lados racionais. É possível para os EUA convencer os Soviéticos a retirarem seus mísseis de Cuba, assim como são reais as chances de Israel e Jordânia entrarem em um acordo. Porém, quando falamos de Napoleão, Hitler e Ahmadinejad, estamos tratando de lunáticos. Hitler, assim como o presidente iraniano, armou a Alemanha até os dentes acobertando-se em programas com fins pacíficos. O resultado: seis milhões de judeus assassinados em campos de concentração. Quando uma situação envolve figuras desse tipo, uma guerra de prevenção possui muito mais eficácia que a diplomacia. As nações do mundo precisam se alertar para a urgência do problema e agir o mais rápido possível quanto a essa proliferação nuclear, a menos que queiram deixar Ahmadinejad bater o recorde de Hitler no Holocausto.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Conflito em Gaza

São tempos difíceis para os filhos de Israel. É com imenso pesar que leio sobre tantos fatos lamentáveis envolvendo os descendentes de Abraham. Semanas após o Caso Madoff, que tumultuou a maior comunidade judaica do mundo, vemos explodir mais um conflito na Terra Santa.
As agressões constantes do grupo terrorista Hamas a territórios israelenses deixam as expectativas para uma paz futura mais distante dos nossos olhos. Em adição, as retaliações feitas pelo Estado de Israel a esses militantes palestinos são novamente respondidos através de um anti-semitismo exacerbado. São lamentáveis as comparações históricas a esse conflito feitas ao redor do mundo. Nem mesmo o Vaticano, um dos responsáveis por um dos maiores vexames da história ao fechar os olhos para o extermínio em massa de judeus pela Alemanha Nazista, deixou de desonrar a memória do holocausto.
Entretanto, mesmo entendendo a necessidade de Israel de defender a sua população, não venho por meio desta pequena nota afirmar meu apoio ao estado judeu. É com tristeza que vemos o Hamas utilizando civis como escudos humanos. Essa tática covarde definitivamente perturba as ações israelenses, além de elevar drasticamente as baixas civis, o que acaba por minimizar os apoios internacionais à retaliação feita ao lançamento de mísseis em territórios de Israel. Deste modo, acredito que a ofensiva israelense deveria ter mais prudência ao atacar prédios civis que abriguem morteiros e foguetes. Realmente espero que a tecnologia de um dos países mais desenvolvidos do mundo seja capaz de driblar aos poucos a tática infeliz praticada pelo Hamas. Não podemos esquecer, principalmente a comunidade judaica, das sábias leis da Torah. Neste contexto, Israel deveria urgentemente lembrar de que “antes a impunidade à injustiça”.
Reitero, assim, o meu apelo para que a comunidade internacional, juntamente com Israel e a ANP, consiga impedir mais ações criminosas do grupo Hamas, a fim de encerrar esse novo conflito e seguir para uma paz no Oriente Médio.



Daniel Frank Benzecry